domingo, 7 de junho de 2009

Velho é a vovozinha

Foto: Marcus Mendonça
Estilo de decoração resgata elementos de décadas passadas sem perder a beleza
Elementos antigos da década de 20 à 60 juntamente com adereços contemporâneos são os que compõem esse tipo de decoração, a chamada vintage. É um estilo adequado para quem procura mesclar num ambiente, o charme dos móveis mais antiquados aos mais modernos, dando um toque personificado ao local. A ideia e o interessante nesta decoração é criar o contraste. Geralmente, quem adota o vintage, são pessoas que realmente gostam do estilo, segundo explica o arquiteto e design de interiores Allan Feio, pois ele diz que além de ser preciso ter uma identificação com o gênero, as peças antigas, por exemplo, custam caro, por serem originais. “No geral, artistas, arquitetos e designers são os maiores admiradores e adeptos do vintage. É um tipo de decoração bonita, charmosa, mas acaba não sendo algo tão comum nas residências porque não é tão acessível financeiramente. Além disso, a decoração reflete muito a personalidade das pessoas, o que também é um fator que pesa bastante na escolha por um determinado estilo”, avalia. A palavra vintage vem de “vint” relativo à safra de uvas e “age” de idade. No universo da moda, designer e arquitetura, o termo foi acolhido para designar peças que marcam uma época, como roupas, acessórios e mobílias. Há um detalhe muito importante e que ainda é confundido por muitos: o estilo vintage não é sinônimo do retrô. De acordo com o Allan, o diferencial entre ambos, é que na decoração vintage, os objetos utilizados para enfeitar o local são necessariamente clássicos, de época (no caso dos anos 20 aos 60) e o retrô, não, são componentes atuais apenas inspirados nesses mesmos períodos, mas com um toque mais contemporaneizados. “A diferença chega a ser sutil, mas existe. O retrô é, na verdade, um releitura do vintage”, esclarece. Entretando, devido as peças retrôs saírem mais em conta, elas costumam ser as mais procuradas pela maioria das pessoas. As vezes alguém pode até gostar muito do vintage, mas não pode pagar o alto valor que as mobílias antigas têm. O retrô acaba sendo uma alternativa, boa também, para elas”, comentou. Na própria casa do arquiteto, é possível notar, discretamente, a presença do vintage, com relógios antigos pendurados na parede, quadros, porta-retratos e uma vitrola de época, que dividem espaço com uma mesa de sala, de jantar, cadeiras, entre outras coisas, mais modernas. Apesar de todo o charme do vintage, Allan ressalta que, na hora de decorar, é preciso bastante cautela e bom senso, pois segundo o profissional, é essencial saber utilizar e posicionar os móveis no ambiente para que o local não fique sobrecarregado e tenha ares de ultrapassado. “Esse é também um dos motivos pelos quais as pessoas têm receio de aderir ao vintage. O ideal é sempre procurar a ajuda de um especialista no assunto para que a decoração não fique desqualificada. É fundamental que os elementos decorativos ‘conversem’ e fiquem em harmonia”, analisa. Mesmo com as possíveis “dificuldades” para adoção do vintage, Allan garante que a tendência está em alta e continua ganhando mais seguidores do gênero. “A decoração é como a moda, cíclica, vai e volta. Prova disso é que o retrô surgiu inspirado no vintage e também possui muitos adoradores”, comenta. Porém, há acasos mais peculiares como por exemplo o da odontologista Larissa Vilhena que adotou o vintage em sua residência, por acaso. Ela conta que todos os móveis antigos que possue foram doados por parentes dela e do marido. Como ela e o esposo gostam muito de arte, eles têm em casa, muitas obras e adereços contemporâneos que contrastam com as peças antigas. Quem chega ao local, logo se depara com uma porta de vidro, super moderna, mas ao entrar no lar, é possível notar que a decoração vintage prevalece na sala de estar, onde um telefone da década de 50, cadeiras e um sofá de 1960, peças que remetem ao cinema antigo, se misturam com réplicas de quadros de artistas como modernos Tarcila do Amaral, Mondigliani e Van Gogh, estampas de almofadas mais “descoladas”, tapete com uma tonalidade fortemente laranja, além de artes regionais na prateleira. Já a cozinha, semi aberta, com uma estética moderna, traz um jardim ao lado e nele, uma bomba de água de poço dos anos 60, está, de enfeite, entre as folhagens. “É engraçado como montamos esse estilo sem querer. Os móveis antigos foram todos heranças de familiares e além do valor sentimental que possuem, são peças raras e caras, que talvez não comprassemos simplesmente por achar bonito. Entretanto, nós gostamos dessa mistura, de coisas diferentes e ainda cogitamos a idéia de continuar adquirindo mais mobílias de época dos nossos parentes”, revela Larissa. No quarto do casal, a atmosfera já tende para o retrô. Uma geladeira Brastemp vermelha à moda antiga e uma mesinha também retrô chamam logo a atenção de quem entra no local e fazem a diferença na decoração do ambiente. “Me apaixonei por essa geladeira retrô quando a vi; não teve como não comprá-la. Até o formato das letras com a marca do modelo dela são de antigamente”, detalha. “Ela é linda! Todos elogiam”, derrete-se.

Publicado na Revista C&D, jornal O Liberal em 7/jun/09.

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