domingo, 9 de março de 2008

Elimine as armadilhas

Escorregões, tropeços e quedas podem ter consequências graves. Por isso, estar atento a pequenos detalhes, como a disposição correta dos móveis, é indispensável para diminuir o risco de acidentes em casa, principalmente se houver crianças e idosos circulando

Sempre pensamos em nosso lar como um local seguro, onde estamos livres de qualquer perigo. No entanto, pesquisas recentes apontam que aproximadamente 75% dos acidentes que envolvem idosos e crianças acontecem dentro de suas próprias residências. Essa constatação pode ser atribuída ao fato de que casas e apartamentos, em geral, não são projetados para atender adequadamente suas conveniências, e que pouco tem sido feito para mudar isso. "O ambiente em que vivemos deve, obrigatoriamente, ser compatível com nossas preferências pessoais e necessidades específicas", alerta o arquiteto Allan Feio.
Os profissionais da área chegaram ao consenso de que a principal causa desses acidentes é a falta de conhecimento."Os próprios moradores poderiam prestar atenção a pequenos detalhes como corrimãos, pisos e móveis adequados, se soubessem de sua importância", afirma o designer de interiores Paulo Oliveira, para quem a principal dificuldade está em conscientizar as pessoas sobre a necessidade dessas mudanças."É preciso vencer a resistência dos próprios clientes, que se preocupam em atender somente as necessidades do agora, esquecendo das adaptações que serão indispensáveis com o passar dos anos ou com a chegada de um filho, por exemplo".
Outro obstáculo presente na hora de trazer segurança aos projetos é a questão estética. Para a designer de interiores Adriana Diniz, existe um certo preconceito em relação à instalação de barras ou mudanças nos mobiliários."Muitos acreditam que isso compromete a estética do ambiente, o que não é verdade".Mas esse preconceito não está restrito aos clientes. Muitos arquitetos e designers de interiores também primam pela estética, quando o conforto, a praticidade e a segurança deveriam estar em primeiro lugar. Contudo, com o crescimento da perspectiva de vida e o número de idosos aumentando no País, surge um novo mercado, que cresce acompanhado de profissionais especializados. E engana-se quem pensa que é preciso gastar muito para melhorar a segurança. Adriana Diniz garante que é possível fazer mudanças sem desembolsar muito dinheiro."Pequenas alterações na decoração e organização dos móveis já fazem grande diferença". Já para quem precisa de adaptações mais específicas, o custo pode variar entre R$ 3.000 e R$ 40.000, dependendo das necessidades e limitações. A arquiteta Maria Olide Leal ressalta, porém, que qualquer alteração devidamente projetada só acrescenta valor ao imóvel."Além de proporcionar qualidade de vida aos moradores". O primeiro passo nessa direção é observar todos os detalhes, como pisos, locais de circulação, distribuição do mobiliário, iluminação etc. O arquiteto Allan Feio aconselha a remover todos os obstáculos das áreas por onde passam as pessoas: os fios devem ficar em canaletas apropriadas e os tapetes convencionais trocados por modelos antideslizantes.
Paulo Oliveira ressalta também a importância dos pisos antiderrapantes na cozinha, banheiros e áreas externas, assim como corrimãos e demarcações no início e fim das escadarias. Sugere, sempre que possível, optar por móveis com cantos arredondados, que evitam ferimentos graves, principalmente nos choques com crianças. Entre os cômodos que merecem mais atenção, a unanimidade entre os profissionais é o banheiro."O uso dos porcelanatos, aliado à falta de barras de segurança e apoio, é o fator que mais contribui para os altos índices de acidentes", afirma Oliveira.

SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR

Aqui, os profissionais dão dicas de como deve ser uma casa em que circulem crianças e idosos:

Área de serviço: Os itens de limpeza precisam ser colocados em locais de fácil acesso, mas longe do alcance das crianças, e os objetos pesados devem sempre ficar nos lugares mais baixos. No piso, dê preferência aos materiais que permitam fácil manutenção e limpeza, mas que não sejam lisos.

Cozinha: Assim como na área de serviço, os objetos utilizados com mais frequência devem ficar em locais de fácil acesso. O conselho é proteger as quinas dos móveis, e a altura dos balcões e da pia precisam ser adequadas a quem trabalha no espaço.

Sala de estar: Evite prateleiras de vidro e acessórios em excesso sobre as mesas. Retire todos os tapetes ou utilize antiderrapantes que se fixam no piso. Fique atento às quinas dos móveis e à firmeza dos mesmos.

Sala de jantar: Como na sala de estar, evite o excesso de objetos sobre a mesa e, caso o tampo da mesa seja de vidro, proteja-o com botões de silicone, para evitar quebra ou trincas. Prefira cadeiras leves, resistentes e firmes, mais facilmente manuseadas por crianças e idosos.

Quarto: O ideal é que armários, cômodas e criados-mudos tenham corrediças nas gavetas e protetores de quina. A cama deve ter altura apropriada ao usuário, e o interruptor de luz precisa ficar próximo ao leito.

Banheiro: O piso deve ser adequado para áreas molhadas, e o uso de tapetes só é permitido se for do tipo de borracha com ventosas. Dentro do box e próximo ao vaso sanitário, é recomendado instalar barras de segurança e eliminar desníveis do piso. O porta-toalhas deve ser fixado na parede.

Áreas externas: Para quem possui piscina, o ideal é proteger toda a área com grade de alumínio e instalar pisos apropriados para evitar quedas e escorregões.

Janelas: Todas elas e também as varandas devem contar com rede protetora.

Escadas: Corrimãos e degraus sinalizados com cores fortes ou faixas antiderrapantes são imprescindíveis. A instalação de portões também é indispensável para quem possui crianças pequenas. Publicado em At Revista pág. 34/35 Jornal A Tribuna 09/03/08

Nenhum comentário: