segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Papas da Arquitetura - Renzo Piano

Foto: Revista Veja
Já se passaram 31 anos desde que o arquiteto italiano Renzo Piano e mais dois colegas, Richard Rogers e Gianfranco Franchini, escandalizaram Paris ao projetar o Centro Georges Pompidou, o Beaubourg, uma das mais polêmicas obras da arquitetura do pós-guerra, com seus dutos de ar e canos aparentes pintados com cores fortes. Aos 71 anos, Piano não abandonou a idéia das estruturas aparentes, mas elas foram ficando mais leves, luminosas e espirituais. Coberto de todas as honras, ele já espalhou beleza pelo planeta inteiro – centros culturais, prédios, museus, um aeroporto e até o projeto de reconstrução da Potsdamer Platz, em Berlim. Desenhando com vidro e aço, ele tem rigor de engenheiro e alma de poeta. Em 1994, concluiu o Aeroporto de Kansai, no Japão, cujo terminal, erguido sobre uma ilha artificial de quase 2 quilômetros de extensão, lembra o desenho de uma espaçonave. As formas sinuosas do teto, composto de mais de 82 000 painéis de aço, foram planejadas de acordo com as correntes internas de ar. A nova sede do jornal The New York Times é um prédio de 52 andares inteiro de vidro transparente e cerâmica, para "refletir as luzes da cidade". Já no Parco della Musica, auditório inaugurado em Roma em 2002, o espaço aberto a visitas é nada menos que um sítio arqueológico. Piano integrou as ruínas ao edifício, composto de três enormes auditórios em formato de caixa de som. Como criar prédios imensos sem agredir o entorno nem cair no vício do exibicionismo arquitetônico? "Passo horas sentado no chão dos terrenos em que vou construir. A obra precisa estar em sintonia com a atmosfera local", ensina o mestre. "Ela não pode se apropriar do cenário nem intimidar os pedestres. Tem de fazer parte do lugar onde está". Mestre da transparência e, mais recentemente, da sustentabilidade, acaba de inaugurar a jóia de sua coroa de projetos extraordinários: depois de dez anos de planejamento e a um custo de 500 milhões de dólares, a nova Academia de Ciências da Califórnia, em São Francisco, abriu as portas para o público no mesmo lugar onde o terremoto de 1989 condenou a antiga sede. Situada dentro de um parque, o Golden Gate, a academia é quase uma extensão da natureza que a cerca – exatamente o que Piano queria. "Minha intenção foi erguer o parque, pôr o edifício embaixo e recolocar a vegetação em cima do teto", explicou. "O telhado é uma superfície ondulada de 10 000 metros quadrados coberta de plantas e flores. Quem está dentro pode ver o céu e o parque ao redor, porque 90% das paredes são de vidro", descreve. Emergindo do "telhado vivo", duas ondulações como uma gigantesca corcova de dragão. Uma abriga o planetário, cuja base flutua dentro de uma enorme piscina. A outra contém um pedaço de floresta tropical, com pássaros, borboletas e uma rampa que serpenteia pelas árvores, dando a impressão de que está sendo engolida pela selva. Controladas por computador, as "escotilhas" abrem e fecham de modo a manter a temperatura interior agradável, sem necessidade de ar-condicionado. Todas as muitas atrações, de grande apelo visual, são quase como coadjuvantes do personagem principal, o próprio prédio.
fonte: veja.com.br

Um comentário:

Nicole disse...

Muito bom o seu post sobre Renzo Piano. Estou estudando arquitetura, em Salvador,e estou fazendo um trabalho sobre Renzo. Gostei do conteúdo do texto.
beijos